Presidente Jair Bolsonaro recebe homenagem da Marinha (Foto: Alan Santos/PR)

O presidente Jair Bolsonaro se destaca tanto por entregar quanto por receber condecorações.

Egresso da carreira militar, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) gastou em seus primeiros meses de gestão R$ 1,6 milhão em confecção de medalhas, revela reportagem do jornal Folha de S. Paulo.

Apesar de o governo ter patrocinado um contingenciamento que atingiu severamente diversas pastas, entre elas a da Educação, o desembolso para as medalhas supera, proporcionalmente, os feitos em 2017 e 2018, se assemelhando aos de 2016 (R$ 3,7 milhões) caso sigam no mesmo ritmo até o fim do ano.Os valores foram obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação.

Segundo a Folha, os ministérios das Relações Exteriores, da Defesa, Exército, Marinha, Aeronáutica e Escola Superior de Guerra têm mais de 50 tipos diferentes de condecorações, da Medalha do Pacificador à Medalha Sangue do Brasil.

Em abril, o presidente concedeu ao guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, o mais alto grau da Ordem de Rio Branco, do Itamaraty, condecoração dada pelo governo do Brasil para “distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas, estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção.” Ele admitiu Olavo no grau de grã-cruz da ordem.

Na mesma ocasião, foram agraciados, com medalhas de grau inferior, os filhos Flavio (senador) e Eduardo (deputado federal), além de ministros, governadores e congressistas aliados, entre eles o deputado federal Helio Negão (PSL-RJ), espécie de sombra do presidente da República.

Capitão do Exército reformado, Bolsonaro se destaca tanto em dar quanto em receber medalhas.

A Folha identificou que o presidente da República recebeu ao menos sete tipos diferentes de medalhas, quatro delas durante a gestão daquele que ele aponta hoje como seu arquirrival, o petista Luiz Inácio Lula da Silva —só parte dos órgãos divulga publicamente a lista dos agraciados pelas condecorações.

As medalhas começaram a aparecer com mais intensidade na lapela de Bolsonaro na primeira gestão de Lula, quando o capitão reformado estava em seu quarto mandato na Câmara dos Deputados —local em que permaneceu por 28 anos como parlamentar do chamado baixo clero, o contingente de baixíssima projeção política nacional.

Em nota, a Defesa afirmou que “as medalhas representam uma antiga tradição militar, uma forma de homenagear àqueles que se destacaram”, se caracterizando como forma importante de motivação e reconhecimento.

“Hoje, estão presentes nas Forças Armadas da maior parte dos países”, diz o texto enviado pela pasta.

“No Brasil, as Forças possuem um conjunto de medalhas e condecorações, com as quais, além de homenagear seus integrantes que se destacaram ao longo de suas respectivas carreiras, buscam também homenagear personalidades e instituições que desempenharam serviços relevantes para as respectivas forças”, afirma a nota.

O Itamaraty afirmou, também por escrito, que a Ordem de Rio Branco tem por objetivo “serviços meritórios e virtudes cívicas, estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção”.

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