(Servidores da prefeitura de Feira de Santana medem temperatura de quem chega ao Centro de Abastecimento (Foto: Divulgação/Prefeitura de Feira de Santana))

Por ser entroncamento rodoviário e pelo comércio forte, cidade passou a ser um dos focos de preocupação
É como se remontasse à própria colonização na Bahia: primeiro, vieram os grandes centros, no litoral. Quase dois séculos depois, o interior – o sertão – começou a ser ocupado. Naqueles idos do século 19, é possível que Feira de Santana já desse indícios de que seria um dos principais polos de distribuição de mercadorias e de fluxo de pessoas do estado

Só que, agora, diante da pandemia da covid-19 em 2020, é justamente essa vocação da cidade que tem preocupado não apenas quem mora no município. Com uma rapidez bem própria daquela que é o maior entroncamento rodoviário do Norte e Nordeste, Feira se tornou um “polo irradiador” do coronavírus na Bahia, na avaliação do comitê científico do Consórcio Nordeste.

“Esse era o caso das capitais e depois passou a ser o das cidades importantes (de cada estado). Entre 14 e 27 de junho, o número de casos em Feira de Santana triplicou. Foram dois mil novos casos em 14 dias. Isso mostra uma grande expansão da doença”, explica o cientista Sergio Rezende, um dos coordenadores do comitê científico.

O cenário nas cidades vizinhas e nas que são, de alguma forma, abastecidas por Feira ajuda a entender esse alcance: de 54 municípios baianos nessas condições, apenas dois não tiveram aumento no número de casos ao longo do último mês.

Do dia 14 de junho até a última segunda-feira (13), enquanto Feira teve um aumento de 407% entre os infectados, 26 cidades registraram crescimentos percentuais ainda maiores. Algumas, como Capela do Alto Alegre e Pintadas, aumentaram mais do que 2.000%.

A pedido da imprensa, pesquisadores à frente do Portal Geocovid-19 identificaram as 10 cidades que mais sofrem com os impactos do coronavírus em Feira. “É o top 10 de influência de Feira de Santana”, diz o geólogo Washington Rocha, professor titular da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Terra e do Ambiente.

De acordo com ele, o principal fator para essa influência seria a conexão rodoviária.