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A cidade de Feira de Santana está comemorando 185 anos de Emancipação Política. Por esse motivo, a mprensa local ouviu diversas autoridades políticas e dirigentes de entidades, a fim de saber quais as expectativas para o futuro da nossa cidade, nos mais diversos setores.

ECONOMIA – Feira de Santana é uma cidade pujante, que tem no comércio sua principal atividade econômica. Marcelo Alexandrino, presidente da Associação Comercial de Feira de Santana (Acefs), destacou que o município tem um perfil econômico forte, o que o torna bastante próspero, e que isso não mudará no futuro. “Pelo contrário, esse perfil será ainda mais fortalecido. Há anos, Feira vem crescendo mais que o estado da Bahia e o Brasil. É claro que, com a crise econômica que se instalou no país, sofremos as consequências, porém de uma forma menos intensa que em muitas cidades do país, inclusive capitais. Temos uma tendência de recuperação mais rápida e consistente que a maioria das cidades baianas e brasileiras”, afirmou.

O deputado estadual Carlos Geilson acredita na continuidade da capacidade de desenvolvimento mostrada por Feira de Santana ao longo de sua história, desde que era apenas um ponto de pouso de tropeiros e boiadeiros, que percorriam os caminhos do Sertão. Para ele, não é à toa que o município ocupa, hoje, o posto de maior cidade do interior da Bahia, sendo, também, uma das maiores do Brasil. “Por conta disso, minhas expectativas para o futuro de nossa cidade e de nossa gente são altamente positivas, sobretudo nos campos social, cultural e econômico”, ressaltou.

Ainda segundo Geilson, mesmo em tempos de crise, como os que vivemos agora, Feira exibe uma economia forte, sobretudo no comércio e no setor de serviços. “É evidente que, superada a crise nacional, a economia local tenderá a fortalecer-se ainda mais. O município já conta com uma infraestrutura sólida o suficiente para assegurar a continuidade de seu crescimento econômico, com a ampliação do setor de serviços, a diversificação de seu parque industrial e o fortalecimento da agricultura e pecuária”, completou.

Já Sérgio Carneiro, ex-deputado federal e ex-secretário Municipal de Meio Ambiente, ressaltou que Feira é multifacetada. “A cidade tem um parque industrial, um excelente setor de serviços, um comercial pujante, além do agronegócio e da agricultura familiar. Por isso, tem um enorme potencial de desenvolvimento. Feira é o 35º município do Brasil e o segundo, em importância, da Bahia, além de ser maior do que oito capitais brasileiras. Bem estruturada na área de educação, oferece, à sua população, desde creches até cursos de mestrado e doutorado”, observou.

Para o deputado estadual Zé Neto, a cidade precisa se modernizar, sobretudo do ponto de vista das políticas públicas de inclusão dos setores informais. “Não adianta bater em ponta de faca e achar que uma cidade que tem mais de 50% de sua economia na informalidade tem enfrentamento. É preciso saber conviver com isso e se adequar, para que se tenha um disciplinamento que faça com que os comércios formal e informal possam conviver e gerar emprego e renda”, disse.

MOBILIDADE URBANA – Em relação ao planejamento e à mobilidade urbana, Marcelo Alexandrino acredita que o projeto Bus Rapid Transit (BRT), da Prefeitura Municipal, que já começou a ser executado, vem se arrastando há tempo demais. “Dois túneis foram construídos, porém não vemos ainda vias expressas, nem qualquer horizonte de conclusão. Além do mais, as vias planejadas para a Avenida Getúlio Vargas e para a Avenida João Durval Carneiro deverão causar um estrangulamento monstruoso no trânsito, sem falar que impedirão o estacionamento ao longo do meio-fio”, criticou.

Na opinião do presidente da Associação Comercial, essa situação é preocupante, uma vez que pode trazer desconforto para os clientes, gerando crise e fechamento de  lojas. “Esperamos que os rumos desse BRT sejam corrigidos, a fim de que os impactos negativos no trânsito sejam minimizados, e que o sistema realmente melhore o transporte coletivo na cidade. A mobilidade urbana de Feira de Santana é um problema que a Prefeitura precisa tratar com especial atenção e urgência”, alertou.

Carlos Geilson disse que Feira de Santana ainda carece de investimentos para a implantação de um moderno sistema de transporte de massa. “Nesse sentido, o projeto BRT é um passo inicial, mas precisamos ir mais além. Penso, por exemplo, na implantação de um sistema de transporte metropolitano de massa, interligando Feira e as cidades de sua região metropolitana”, ressaltou.

Sérgio Carneiro acha que a cidade também precisa de um plano de ciclovia e ciclofaixa, especialmente por ser plana, característica que favorece esse tipo de modal de transporte. Segundo ele, as empresas precisam se adequar, instalando bicicletários e vestiários, para atender aos funcionários. “Seria bom também que tivéssemos outra opção de deslocamento entre Feira e Salvador, a exemplo do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). É um transporte rápido e eficaz. Além disso, seria ótimo que nosso aeroporto pudesse funcionar efetivamente, configurando-se como uma opção a Salvador, já que, hoje, os aeroportos alternativos estão a mais de 400 quilômetros de distância, como os terminais de Ilhéus e Aracaju”, salientou.

O deputado estadual Zé Neto não acredita que a cidade esteja se preparando para o futuro no que diz respeito à mobilidade urbana. “Fui um dos que mais lutou pelo BRT. Estive em Brasília algumas vezes e pedi ajuda ao ex-governador Jaques Wagner, quando ele ainda era ministro, para que pudéssemos conseguir êxito. E isso foi possível. No entanto, estamos vivendo um retrocesso”, afirmou.

O parlamentar acusa o Governo Municipal de ter colocado em prática o que chama de “projeto desvirtuado”. Para ele, o que está sendo implantado não trará mudanças positivas para a cidade. “Burlaram todo o objetivo do transporte de massas com esse BRT. Fizeram apenas duas trincheiras, com as quais gastaram mais da metade do dinheiro para fazer drenagem e acabou não servindo para trazer uma grande mudança na mobilidade da cidade”, recriminou, afirmando ainda que a cidade precisa de ciclovias.

DESENVOLVIMENTO URBANO – O presidente da Acefs, Marcelo Alexandrino, disse confiar no novo Plano de Desenvolvimento Urbano elaborado para a cidade, que está em tramitação na Câmara Municipal. “Houve manifestações, por parte de técnicos, de que existem alguns pontos a serem ajustados à realidade local, sob pena de inviabilização de determinadas áreas e do próprio crescimento ordenado da cidade. Esse assunto já foi passado ao prefeito, que está atento ao tema. Fora isso, o que percebemos, em nossa cidade, é uma falta de visão de futuro e de definição de vetores de crescimento planejados”, ressaltou.

Ainda na opinião de Marcelo Alexandrino, avenidas como a Artêmia Pires, que não tiveram crescimento planejado, causam sérios transtornos, sendo preciso buscar soluções alternativas para o problema já instalado.

O deputado Carlos Geilson enfatizou que a cidade vem crescendo rapidamente, sobretudo nos últimos 20 anos. Mas ele salientou que não basta crescer. “É preciso que o crescimento venha acompanhado de melhoria da qualidade de vida. Defendo uma ampla revisão no Plano de Desenvolvimento Urbano local, contemplando aspectos que favoreçam a qualidade de vida. Necessitamos, por exemplo, de mais áreas destinadas ao lazer e à prática de atividades físicas”, observou.

Sérgio Carneiro acredita que o fato de a cidade ter avenidas largas incorre na necessidade de cumprimento do rigoroso do novo Plano Diretor, documento que está em apreciação e votação na Câmara de Vereadores. A medida, segundo ele, seria para evitar possíveis ocupações irregulares, que viessem a desnivelar os limites das avenidas.

Sobre o quesito desenvolvimento urbano, Zé Neto enfatizou que não há um ordenamento, sobretudo em função da falta de planejamento na instalação de grandes condomínios residenciais. “Isso prejudicou o crescimento das grandes avenidas, que, por questões políticas, foram deixados de lado, fazendo com que a cidade perdesse”, opinou, lembrando ainda que “a cidade cresce muito mais no impulso econômico do setor privado do que, propriamente, pelo ordenamento necessário do poder público”.

EMPREGOS– O fato de Feira ser uma cidade comercial faz com que pareça haver uma abundância de vagas de emprego. No entanto, Marcelo Alexandrino ressaltou que, por ser o motor propulsor da cidade, o comércio, nesse tempo de crise de consumo, tem empregado menos. “Temos também a indústria, que costumava ser uma grande geradora de empregos. Entretanto, com as novas tecnologias, o setor industrial vem diminuindo sua capacidade de geração de postos de trabalho, em função da automação das atividades. Feira tem, hoje, cerca de 1.500 indústrias. Precisamos estimular a vinda de novos empreendimentos industriais e aproveitar a grande vocação logística que temos, favorecida pelo fato de Feira ser um grande entroncamento rodoviário. Isso revigoraria o comércio, que necessita urgentemente de revitalização”, explanou.

Já o deputado estadual Carlos Geilson acredita que cidade gera empregos. “Mas ainda em número insuficiente para contemplar toda a sua força de trabalho. Esse é o problema que afeta, sobretudo, os jovens que chegam à idade de entrar no mercado de trabalho”, observou.

Na opinião de Geilson, a solução é a implantação de novos investimentos econômicos. Além de atrair mais indústrias, ele diz ser necessário implantar complexos logísticos, ampliar os serviços nas áreas de saúde e educação e incentivar o empreendedorismo.

Sérgio Carneiro destacou que o perfil do emprego mudou. Segundo ele, não é mais o ideal vislumbrado pelos trabalhadores, com carteira assinada e encargos recolhidos. Para o ex-deputado, as pessoas precisam aceitar e se adaptar a esse novo modelo de trabalho. “A grande tendência do século XXI é que as pessoas possam alugar, emprestar ou vender as habilidades que têm, sejam intelectuais ou manuais. Com isso, o empreendedorismo cresce, porque a que a pessoa vai vender por produtividade, empreitada ou tempo o seu saber, a sua técnica e o seu conhecimento, provendo, assim, a sua renda”, explicou.

O deputado Zé Neto acha que a cidade poderia gerar muito mais empregos. Ele disse que a região é rica, mas que é preciso investir melhor seus recursos, “olhando para a sua historia, suas raízes e vocações”. O parlamentar ressaltou ainda que é preciso “pensar em pequenos arranjos, com a integração das comunidades carentes, principalmente a dos distritos, gerando mais condição econômica, emprego e renda”.